De uma forma geral podemos afirmar que a avaliação psicológica se refere ao modo de conhecer fenômenos e processos psicológicos por meio de procedimentos de diagnósticos e prognósticos e ao mesmo tempo de exames propriamente ditos para criar condições de aferição ou dimensionamento dos fenômenos e processos psicológicos conhecidos. (Alcheri, 2003)
Desde os primórdios o homem já tinha a preocupação de avaliação e compreensão do mundo, suas observações eram voltadas para o universo, o mundo exterior e principalmente os fenômenos naturais.
A partir do séc. XIX, voltou seu olhar para si mesmo, com os mesmos propósitos de buscar as respostas para compreender o ser humano e o mundo ao seu redor.
Dando um salto na história, percebemos que a avaliação psicológica surge da necessidade do homem em explicar certas condutas em diferentes situações, com o objetivo de medir fenômenos e processos psicológicos.
Em 1905, surge a padronização dos testes (Simon Binet), os quais primeiramente tiveram o objetivo para a seleção militar, nos anos 70 e 80 no Brasil a psicotécnica responsável pela psicologia brasileira, foi vista com descrédito pela sociedade, devido a movimentos que viam os testes à serviço da ordem estabelecida e o uso destes serviriam como processos de exclusão social daqueles com “transtornos mentais”.
Foi somente na década de 90 que os instrumentos de avaliação retomam o seu prestígio e as devidas adaptações dos mesmos são feitas à nossa realidade brasileira, nesse momento surgem os primeiros laboratórios de psicologia com o objetivo do estudo das características psicológicas da população atendida pelo sistema de saúde mental ou pelo sistema educacional.
Dando outro salto, nasce com o CFP – Conselho Federal de Psicologia, resoluções que buscam a qualidade, a padronização e a validação dos testes.
Após um breve histórico dos instrumentos de avaliação psicológica e conhecendo a importância e a objetividade da qual os testes se propõem, chegamos ao ponto chave: É possível avaliar?
Podemos avaliar sem restringir direitos e violar a inesgotável capacidade humana de surpreender, superar e avançar para além do ponto onde a referência da ciência está? (Ricardo F. Moretzsohn)
Classificar o indivíduo por avaliações, num perfil psicológico adequado a padrões de comportamentos aceitos pela sociedade, sem levar em conta a sua infinita subjetividade, seria uma forma míope de avaliação psicológica.
Parece que a questão da avaliação psicológica, que é uma etapa fundamental para qualquer ação do psicólogo, é muito mais complexa do que se imagina, além de termos o cuidado em perceber o indivíduo em sua complexidade, deve-se lembrar que o mesmo está inserido e interage num ambiente histórico-cultural em constante transformação.
Assim, a avaliação psicológica é um conjunto de informações acerca do indivíduo, sua história, sua cultura, sua relação com a família, com a sociedade, e os testes ajudam neste sentido da observação e compreensão de características e comportamentos psicológicos.
Ou seja, essa avaliação busca construir alternativas no campo da psicologia que se aproximem da compreensão da complexidade humana, ajudando o indivíduo ao conhecimento de si próprio.
Indiferente se os testes são psicométricos ou projetivos, quantitativos ou qualitativos, o importante é que o psicólogo esteja apto e saiba selecionar, aplicar e avaliar de forma correta os testes, buscando sempre promover o auto-conhecimento, a reflexão, a compreensão, a saúde mental, o bem estar e a qualidade de vida do paciente.
Desta forma, o psicólogo deverá ter a formação profissional para compreender, apreender e refletir sobre as situações que lhe são colocadas, considerando todo o contexto e a interação psicólogo/paciente e ambiente sócio-cultural.
Ao contrário do que alguns pensam, o psicólogo não tem “bola de cristal” e nem é adivinha, existem dois pré-requisitos básicos: primeiramente, eles devem ser qualificados e terem a capacidade profissional para aplicação de testes, e segundo ter a disposição instrumentos válidos para uma boa avaliação psicológica do indivíduo.
Os testes são instrumentos de observação de amostras de comportamentos das pessoas a partir das quais os psicólogos inferem características psicológicas, daí a imensa importância da qualificação profissional e a responsabilidade sobre a vida que está em suas mãos.
Maria Adriane Messias Kulka – 2012